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Não correr riscos é a mudança de carreira mais arriscada de todas!

O fim do ano aproxima-se e, com ele, novos planos, projetos e mudanças (ou vontade mudar). A progressão ou mudança de carreira fazem parte dos desejos para o ano novo e das metas a alcançar. Seja um novo emprego, um negócio próprio ou até uma mudança radical de área de trabalho, o sonho existe sem muitas vezes sabermos como o concretizar e o que fazer com a nossa própria motivação, à qual se junta o medo de fracassar.

No mercado de trabalho atual, no qual surgem novos cargos e funções todos os dias, e outros ficam obsoletos do dia para a noite, o passo mais arriscado que podemos dar é presumir que o nosso setor e o nosso emprego estão seguros. A ansiedade face a estas mudanças aceleradas, que cada um de nós carrega inconscientemente, constitui um fardo pesado.

A maioria das pessoas deseja secretamente mudar de emprego ou até de carreira, desejando, na realidade, fazer algo radicalmente diferente daquilo que faz hoje. Contudo, é inevitável pensar que descartar uma carreira que levou tempo e recursos a construir, em troca de procurar algo novo, não é uma decisão que deva ser tomada de ânimo leve.

Infelizmente, a maioria das pessoas sonha com esta mudança mas nunca a concretiza. O que nos impede, afinal? Todo o tipo de barreiras comportamentais e financeiras associadas ao risco e, claro, a nossa capacidade humana de resistir e abdicar do certo pelo incerto.

Nos tempos que ocorrem, as pessoas sentem-se compelidas a manter um emprego que não as satisfaz, em lugar de apostar em algo incerto, mas que possa causar melhorias a longo prazo. E assim é tanto para os empregos como para certos relacionamentos e outros eventos da vida, que exigem coragem desmedida e um corte radical, que prolatamos no tempo por tentar não enveredar pelas incertezas.

Como podemos transformar esta tendência para a inação autodestrutiva em ações sensatas que possam levar-nos para mais perto daquilo que nos realiza realmente? Duas formas possíveis de mitigar o risco de experimentar uma nova carreira são: construir uma rede robusta de contactos e decompor um grande e complexo problema em pequenos passos viáveis para resolução. Estes são os dois verdadeiros ingredientes para o sucesso da mudança de carreira!

Lembre-se: as redes de contactos a que recorre no seu trabalho estável raramente são as que nos conduzem a algo novo e diferente. Diversificar e conhecer pessoas de diferentes quadrantes e áreas é uma peça chave para uma mudança bem-sucedida. Tenha em conta que as pessoas que a conhecem no seu atual setor profissional apenas a conseguirão imaginar a fazer mais do mesmo.

Por outro lado, o maior entrave para uma mudança de carreira é pensar que essa mudança precisa de ser radical: tudo ou nada. Pensamentos como “ou largo tudo ou conforme me com o emprego horrível que tenho” não vão ajudá-la a mudar, nem a estabelecer qualquer tipo de plano de ação bem-sucedido. Quando os desafios parecem demasiado grandes, a nossa tendência natural é mantermo-nos na zona de conforto. Precisamos, em vez disso, de decompor o problema em pequenas partes que nos levem a ações concertadas e com uma abordagem mais moderada.

Uma boa estratégia para poder executar antes de iniciar uma possível mudança mais radical é tentar obter informação real, através de experiências na área de trabalho para a qual pretende transitar (pequenos trabalhos na área como freelancer, trabalhos pro bono, consultoria em part time ou voluntariado), para que possa entender se se trata mesmo de uma área em que deve apostar. Munida de dados do mundo real, a mudança de carreira pode tornar-se mais efetiva.

Gostaríamos de pensar que a chave para uma mudança de carreira bem-sucedida reside em saber o que vem a seguir, a fim de utilizar esse conhecimento para orientar os nossos atos. Mas, na prática, poucas vezes é isso que acontece: as mudanças de carreira acontecem mais com o “primeiro agir, depois pensar”.  Desta forma, a abordagem do tipo “testar e aprender” em pequenos passos é a melhor forma de contrariarmos a incerteza e resistir à tentação de permanecer na nossa zona de conforto.

Adquirimos a nossa velha identidade profissional pela prática, e é pela prática que necessitamos de modelar novas experiências, alterar conexões e dar sentido às mudanças que queremos realizar. Assim, comece por tentar: o maior erro na mudança de carreira é adiar a entrada em ação, e dar um passo (ainda que pequeno) para o desconhecido.

Temos de pôr à prova as nossas ideias e sonhos, para percebermos se podem ser ou não concretizáveis. Modelar experiências profissionais leva-nos a gerar pequenos momentos em que experienciamos novos papéis profissionais, sem pôr em risco o nosso atual emprego, ou saltar demasiado rápido para o abismo.

 

Texto também publicado pela Revista Activa, na rúbrica “Diz quem sabe”

 

 

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